História

A Ilha de Moçambique e “praticamente todo litoral moçambicano congregavam, desde os séculos XV e XVI, populações muitas variadas, tendo cada uma, deixado marcas da sua cultura: Macuas, Goeses, Hindus, Muçulmanos e Portugueses”. Sobre a Ilha de Moçambique foi produzida literatura de grande valor histórico e literário.

A expansão comercial e o advento do Islão, os núcleos islamizados e/ou entrepostos comerciais espalhados ao longo da costa oriental africana, estruturaram-se em unidades político-administrativas sob a designação de Xeicados e Sultanatos, tal são os casos de Lamu, Mombaça, Zanzibar e Quiloa. O Xeicado da Ilha de Moçambique foi fundado por Hassani Moussa M’BiKi (de onde advém o nome de Moçambique), por volta do século XI.

A partir do século XV, a presença europeia, iniciada com a passagem do navegador português Vasco da Gama em 1498, tornou a Ilha num dos centros do comércio internacional fazendo a ponte entre a Europa e o Oriente, nas diferentes fases do comércio na costa oriental africana (comércio de especiarias, ouro, marfim e escravos).

A Ilha de Moçambique tornou-se no principal entreposto para abastecimento em mantimentos e centro de reparação de navios a caminho da Índia, assim como entreposto comercial (comércio de têxteis, especiarias, ouro e marfim).

Em 17 de Setembro de 1818 recebe o estatuto de cidade. Serve de capital de Moçambique, até 1898, data em que a capital é transferida para Lourenço Marques (actual Maputo).

A Ilha de Moçambique está associada a valores culturais (tradições vivas da presença Swahili e Macua, danças, técnicas de construção, etc.), e a obras artísticas de significado universal excepcional. Os valores culturais da Ilha de Moçambique estão, também, relacionados com acontecimentos históricos particulares (entreposto de ligação da Europa ao Oriente e tráfico de escravos). Na Ilha de Moçambique existiram duas confrarias principais: a Xadulia fundada em 1897, pelo Chê Saíde Muhamede-Bin Chike mais conhecido por Chê Marufo, oriundo das  Ilhas Comores, e Cadiria fundada em 1904, pelo Chê ISSA BIN- AHMAD, oriundo de Zanzibar.

Marcos históricos importantes
  • 200 a 900: Ocupação do território da Ilha pelos nativos de origem bantu;
  • 1498: O navegador português Vasco da Gama faz escala na Ilha de Moçambique, a caminho da Índia;
  • 1502: Fundação da primeira Feitoria;
  • 1508: A Ilha fica sob o domínio do Rei de Portugal;
  • 1509: a 1762: A Ilha fica na dependência total do vice-rei da índia;
  • 1558: Início da Construção da Fortaleza São Sebastião;
  • 1562: Chegada dos primeiros padres missionários Dominicanos;
  • 1593: Criação da primeira alfândega em Moçambique;
  • 1607: A Ilha é totalmente destruída pelos Holandeses;
  • 1750: Construção de feitorias na Ilha de Moçambique para a venda de escravos;
  • 1759: Os Padres Jesuítas, autores do Palácio de São Paulo, são expulsos de Portugal e das suas colónias;
  • 1761: A Ilha é elevada à categoria de vila;
  • 1762: Fim da dependência da Ilha relativamente ao vice-rei da Índia;
  • 1799: É criada a primeira Escola Oficial de Instrução Primária em Moçambique;
  • 1818: a Ilha é elevada à categoria de cidade (17 de Setembro);
  • 1836: Decretada oficialmente abolição da escravatura;
  • 1837: É demolida a Igreja anexa ao Convento de São Domingos, no qual estava sepultado em 1809, o poeta Brasileiro Tomás António de Gonzaga;
  • 1898: É transferida a capital para Lourenço Marques, actual Maputo.
  • 1967: Inaugurada a ponte, espinha dorsal da Ilha que a liga ao continente;
  • 2007: Inaugurado o Jardim Memorial da Ilha de Moçambique.
População

Segundo o último censo populacional e de habitação (INE, 2017), na Ilha de Moçambique vivem cerca de 81.325 habitantes, sendo 39.309 homens e 42.015 mulheres. Contudo e de acordo com censo populacional e de habitação (INE, 2007), o número de habirantes era de 48.839 habitantes, sendo 25.337 homens (52%) e 23.502 mulheres (48%). Ainda segundo o mesmo censo, dos 48.839 habitantes, 31.483 habitantes viviam na zona continental (64,5%) e 17.356 habitantes na zona insular (35.5%).

Contrastando com a Cidade de Pedra e Cal que, tradicionalmente, era habitada quase apenas por portugueses e seus descendentes, a Cidade de Macuti formou-se através da fixação de pessoas oriundas de grupos etno-linguísticos variados, tais como macuas, árabes, indianos e mestiços, que afluíam à ilha em busca de melhores condições de vida e de trabalho. Hoje em dia, a população da Ilha de Moçambique é maioritariamente macua, com predominância da cultura naara na vida social local.

Mulher e Filho sentados num banco de pedra

 

As fontes bibliográficas disponíveis, apenas nos permitem traçar um rápido esboço da evolução demográfica da Ilha a partir de 1960. Assim, regista-se que em 1962 viviam na Ilha cerca de 12.000 pessoas, número que decresceu em 1968 para cerca de 8.200 habitantes, repartidos por 1.300 na Cidade de Pedra e Cal e 6.900 na Cidade de Macuti (área mais densamente povoada da ilha, ocupada por população de baixo rendimento que habitava em casas de construção precária).